Nos dias 2 e 3 de março, a equipe de alunos bolsistas do Núcleo de Estudos em Cooperação (NECOOP), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) de Laranjeiras do Sul se deslocaram para a comunidade de Tereza Cristina a comunidade precursora da cooperação no país tendo um sonho que durou 11 anos, com o intuito de desenvolver oficina de Jogos Cooperativos e conhecer a realidade e a história do local.
A comunidade, é considerada o berço da cooperação no brasil sendo o 1º Distrito do Paraná e o 3º do País, a colônia de Tereza Cristina foi fundada por Jean Maurice Faivre em 1846, um médico, naturalista, cientista de espírito observador Francês que vem para o brasil com intuito de aprimorar seus conhecimentos com relação a saúde do país e trabalhava como médico na corte da monarquia de Dom Pedro ll, sendo assim realiza diversas pesquisas para o tratamento do Lepra e Bócio, doenças que assolavam o país na época, todas as pesquisas e expedições feitas por Jean Maurice Faivre foram financiados pela imperatriz Thereza Christina Maria a qual auxiliou no processo de colonização e tem seu nome dado a colônia.
Jean Maurice Faivre traz consigo para o Brasil além da curiosidade e desenvolvimento da medicina muitas ideias de um socialismo inexistente até então Liberdade, Igualdade e Fraternidade que são consideradas utópicas. A França passava por um período pós segunda guerra e de revolução industrial de 1844, que por consequência desencadeou uma organização voltada à cooperação, trabalho coletivo e ajuda mútua, essa experiência que a França passa de cooperação teve forte influência para a ideia e concretização do sonho de Faivre de montar no país uma comunidade agrícola onde a base da sobrevivência fosse a troca sem nenhum fim lucrativo, buscava um modelo de sociedade igualitária, sem espaço para escravidão e individualismo, e não tivesse nenhum vínculo com as demais províncias que se desenvolviam rapidamente na região, buscava um modelo de organização e trabalho coletivo e democrático colocando como prioridade o respeito ao próximo, família e religião.
Pensando assim Jean Maurice Faivre volta para a França em busca de pessoas para colonizar a nova comunidade agrícola. Na sua volta para o Brasil traz consigo 63 pessoas que viajam cerca de 52 dias até chegar ao Porto de Antonina, Paraná e depois pela serra do mar, andando a pé e a cavalo passaram por Ponta Grossa e foram descendo desbravando a floresta densa até chegar a beira do Ivaí. Cada pessoa que constituia o grupo iria futuramente desenvolver um trabalho específico dentro da comunidade ou seja um artesãos, pequenos agricultores, engenheiros, marceneiros e etc... Após a chegada Faivre e toda a equipe começam a desbravar a região chegando primeiro em outra área onde acabam encontrando índios que viviam ali e entram em um certo conflito com os mesmos, então todos continuam a procura e em busca de um novo lugar para se instalarem concretamente e poderem produzir, acabam ao final se instalando à beira do rio Ivaí, encontrando ali não só um ótimo lugar para desenvolver a comunidade agrícola como também águas sulfurosas as quais têm princípios medicinais para o tratamento da Lepra e era exatamente isso que Faivre procurava, a partir de então inicia-se a primeira experiência de cooperativismo no país.
Nos primeiros anos foi montado uma espécie de acampamento e a nova Colônia sustentava-se com uma ajuda muito pequena do governo para a construção de casas e todas as questões de infraestrutura, em decorrência disso muitas pessoas foram embora da colônia após um ano, mas tudo foi construído do zero, sendo assim rapidamente iam surgindo plantações coletivas de café, baunilha, algodão, milho, trigo e cana-de-açúcar, para o consumo da população da comunidade, mais tarde algumas serrarias e olarias.
Jean Maurice Faivre gastou toda a sua fortuna e bens para a construção da comunidade, chegando a morrer na miséria em 1858, após isso o engenheiro Gustavo Rumbelsperger assume a liderança da comunidade mas esse sonho naufraga 10 anos depois pois as pessoas saem da comunidade com a esperança de vida melhor em outras cidades da região. Foram 11 anos de uma experiência totalmente nova e revolucionária de forma de organização do trabalho coletivo e gestão democrática, que atualmente é dentro reproduzido por cooperativas e agroindústrias familiares.
Atualmente a comunidade de Tereza Cristina encontra-se abandonada por autoridades governamentais perdendo o modelo de cooperação extraordinário que Faivre sonhava para a comunidade segundo a autora Westphal:
Plantada no mesmo lugar escolhido por Faivre, esquecida pelas autoridades governamentais e praticamente isolada do resto do mundo, Tereza Cristina nem sempre tem o devido reconhecimento que merece, mas sua rica história por si só já diz tudo a quem quiser diminuí-la. (WESTPHAL, Colônia Tereza Cristina: Um sonho socialista a beira do Ivaí,Recanto das Letras,28.04.2016).
A comunidade com o passar do tempo foi esquecida as margens do rio Ivaí, tendo a sua base produtiva na agricultura familiar ela está cercada por grandes latifundiários de terras que detém de capital e interferem totalmente dentro de toda a questão de organização e gestão da comunidade, muitas pessoas que moram ali não conhecem toda esta história, ficando apenas lembranças na mente dos mais velhos do modelo de cooperação e nas ruínas antigas de lugares e monumentos.
Anexo II - croqui de como deveria ser comunidade de Tereza Cristina.
Anexo II
Retrato do século XIX do Dr. Jean Maurice Faivre.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WESTPHAL.JAYNE,Colônia Tereza Cristina: Um sonho socialista a beira do Ivaí,Recanto das Letras,28.04.2016. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/redacoes/5619319, acessado em 12/04/2017.