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Equipe NECOOP

Encerramento do Curso de Qualificação


No dia 26 de julho de 2018, no auditório da Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural) em Francisco Beltrão – PR, foi realizada a 3ª etapa do Curso de Qualificação para Gestores de Cooperativas da Agricultura Familiar, que contou com a participação de 29 membros de cooperativas. As atividades ocorreram no período da manhã e no período da tarde. Durante a manhã, as atividades foram divididas em dois momentos, o primeiro, com a fala do Alcidir, tendo como tema a “Interação Social e Protagonismo da Agricultura Familiar – Organização Social nas Cooperativas”, e em um segundo momento, com a fala do professor João Mark foi retratada a questão da “Agroindustrialização na Região Sudoeste”. No período da tarde o professor Pedro Ivan contextualizou os “Cenários e Perspectivas da Agricultura Familiar” e os “Desafios da Produção de Alimentos e o acesso aos Mercados”.


Interação Social e Protagonismo da Agricultura Familiar – Organização Social nas Cooperativas:

A proposta foi de provocar nos participantes a necessidade de refletir sobre como trabalhar a estrutura humana, no sentido de como movimentar as pessoas ou os associados, como fazer com que eles interajam mais e percebam o que é fazer parte de uma cooperativa, de um bem maior. Trabalhar com a estrutura humana é uma das grandes dificuldades dos empreendimentos, mas ela possibilita um maior contato entre o líder e o associado, e conhecer suas reais necessidades, fazê-lo perceber o que é ser um cooperado. O palestrante também destacou o desafio da Autonomia, de como ajudar o sócio a se ver como alguém que tem autonomia.

Neste sentido, buscou-se entender o nosso papel como protagonista social e compreender que todos somos possíveis agentes transformadores, que não precisamos começar com algo grande e complexo. Ações simples podem ajudar na construção social. No dia a dia, as relações que estabelecemos se refletem em como entendemos e criamos a sociedade em que vivemos e a nossa construção para uma sociedade mais sustentável está relacionada a como fazemos a construção da estrutura social. As interações sociais são a base da organização e da estrutura social. Quando as interações entre indivíduos, grupos e instituições adquirem certa estabilidade e permanecem durante um tempo relativamente longo, tem-se a “Estrutura Social”.

Várias questões surgiram ao longo da discussão, como: Quais são as potencialidades das nossas cooperativas? O que os associados precisam? O que minha cooperativa pode oferecer?

Com essas questões em mente, pôde-se refletir que o futuro das cooperativas depende de cada um de nós. Como a cooperativa interage com o mercado, com os clientes, como os sócios.

Para finalizar, foi aberto um momento para que os participantes pudessem expor seus pontos de vista e compartilhar suas experiências. Todos concordaram que precisa haver um contato maior entre os membros da cooperativa, que conhecer e compreender o sócio é de grande importância para gestão da organização. O estímulo ao desenvolvimento local, segundos os participantes, também deve continuar sendo o objetivo das cooperativas.


Agroindustrialização na Região Sudoeste

Ainda na parte da manhã, o professor João Mark contextualizou a agroindustrialização na região sudoeste, a agricultura familiar e agregação de valor, os potenciais das Agroindústrias do Sudoeste, iniciativas existentes para agregação de valor, a produção de alimentos e os desafios da agricultura familiar, sistemas produtivos organizados, principais desafios e oportunidades vinculados a organização do setor.

Foi discutida a visão de futuro das organizações rumo à inovação. Para tal, verificou-se que o ideal seria identificar estratégias futuras para a agricultura familiar, que promovam a produção sustentável de alimentos, por meio de soluções tecnológicas e inovadores, agregando valor aos produtos e ampliando sua inserção no mercado.

Algumas formas de agregação de valor foram elencadas, como, transformar/processar alimentos, comercializar em feiras livres locais, entrega a domicílio, agregar serviço aos produtos (rotulagem, produção orgânica / agroecológica), turismo rural. Verificou-se que todas essas formas de agregação de valor permeiam a questão tecnológica.

Concordaram que essas questões precisam ser refletidas de forma organizada, a fim de possibilitar que o agricultor invista nisso. Fazer isso não é para todos, depende da mentalidade de quem está gerindo a propriedade, uma vez que os produtores têm visões diferentes.

O palestrante apresentou os resultados de um projeto de pesquisa feito em Francisco Beltrão e Dois Vizinhos em 2017, tendo parceria com a equipe da Emater, escritórios locais, ASSEMA e Unicafes. O projeto resultou também numa plataforma inclui a questão socioeconômica das entidades, obtendo um alcance de 221 unidades.

Foi apresentado o investimento médio em reais realizados nestas agroindústrias pesquisadas, a intenção de investir (77,7% demonstraram interesse). Em relação a caracterização da mão-de-obra, verificou-se que, pelo menos, 80,2% das agroindústrias utilizam a mão-de-obra exclusivamente familiar, isto é, sem contratação. A renda média das famílias e grau de prioridade na atividade (52,7% recebem de 1 a 3 salários mínimos). Foi apresentado também a origem da matéria-prima, o faturamento bruto da atividade (importância para o crescimento do PIB da região), o local de comercialização, regularização sanitária/inspeção de produtos de origem animal, adequação de rotulagem, a assistência técnica (neste, 52,6% não possui assistência técnica frequente).

Ao final da palestra da parte da manhã, foram apontadas algumas demandas/necessidades de curto prazo. São elas: falta de mão-de-obra (qualificação), burocracia para regularização sanitária, facilitar a outros programas públicos/institucionais (PNAE) para os agricultores, rotulagem, benefícios da prefeitura (apoio municipal), dificuldade de comprar matéria prima, tecnologia de produção, cursos de boas práticas e crédito viável. Em sequência foi elaborada uma proposta: apoiar a inclusão e permanência dos agricultores familiares no processo de agroindustrialização, proporcionar qualificação profissional, promover pesquisas tecnológicas, promover divulgação de produtos.


Cenários e Perspectivas da Agricultura Familiar

Na parte da tarde o professor Pedro Ivan apresentou o cenário histórico e perspectivas da agricultura familiar, aprofundando na evolução dos regimes agroalimentares mundiais, tendências e desafios nas políticas de desenvolvimento da Agricultura Familiar e na construção de estratégias para fortalecer o segmento.

Essa contextualização foi dividida em três períodos de regime alimentar, o primeiro regime alimentar compreende ao período de 1870-1930, o segundo regime alimentar corresponde ao período de 1950-1970 e o terceiro regime alimentar ou “emergente” parte dos anos 2000 até os dias atuais.

Para cada um desses períodos foi apresentado qual era o país como dentro de poder, qual o principal dirigente ou tomador de decisões, o modo de regulação e governança, as ideologias dominantes, qual era o sistema monetário internacional, o paradigma agro-tecnológico, as características dos alimentos, identificador e movimentos de contestação.

Fora apresentado também a forma de conservação dos alimentos na antiguidade, (na qual eram utilizadas as especiarias), o desenvolvimento de um mercado regular, a dificuldade de transportar produtos agrícolas para longe devido à falta de estradas e transporte (alternativa: tração animal, embarcações), os diferentes tipos de alimentos das diferentes culturas mundiais, desenvolvimento do capitalismo (surgimento de indústrias), desenvolvimento de ferrovias, mudanças mundiais, surgimento gradual das agroindústrias, avanço tecnológico, o domínio dos países europeus e a escassez de bens. O palestrante ainda destacou sobre os alimentos orgânicos, e como eles estão cada vez mais ganhando espaço no mercado.

Com relação ao avanço das tecnologias e nano-tecnologias, destacou-se o uso de algumas ferramentas que se incorporaram às propriedades a fim de facilitar, aumentar, contribuir para o processo produtivo, como a utilização de GPS, mecatrônica, colheitadeiras, escavadores, entre outras máquinas e facilitação do mapeamento de lavouras.

Ao final da palestra, algumas questões foram levantadas para gerar reflexão nos participantes, e conscientiza-los no que pode ser feito depois de tudo o que foi apresentado, quais os desafios das cooperativas, uma vez que as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos limitados.

Algumas sugestões e reflexões foram compartilhadas no encerramento do curso. Levantaram a necessidade de trazer algum especialista em cooperativismo para realizar um treinamento de novos associados, e também disseram que a própria liderança tem que ter condições de proporcionar capacitação para o associado, transmitir a informação, caminhar junto, se adaptar ao mercado. Trazer a juventude para o campo, segundos os participantes, é dificuldade no mundo atual, já que os jovens do campo estão indo para as cidades.

Ademais, disseram que as ideias ficaram mais claras depois de tudo o que foi exposto, e a vontade de transformar, de fazer a diferença, cresceu ainda mais.

Ao final da tarde as atividades se finalizaram, marcando o encerramento da 3ª etapa do Curso de Qualificação para Gestores de Cooperativas da Agricultura Familiar.



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